domingo, 18 de agosto de 2013

Elvis Presley

Dia 16 de agosto de 2013 fez 36 anos que o Elvis Presley morreu.
Não me considero uma fã, apesar de gostar muito das músicas e da voz dele. Mas confesso que depois de ler o artigo "Desmistificando a Morte de Elvis", que fala sobre como a doença de Hirschsprung afetou sua vida, minha opinião sobre o Elvis mudou.
Não tenho como ter certeza da veracidade do artigo mas o fato dele ter sido escrito por um médico, para um site dedicado a pessoas que sofrem de dores crônicas e não para um uma revista de fofocas, me passou uma certa credibilidade.
O Elvis nasceu em 1935 e as primeiras cirurgias de rebaixamento começaram a ser feitas somente em 1948. Ou seja, ele conviveu com a doença durante os 42 anos da sua vida, sem nenhum procedimento cirúrgico que lhe proporcionasse uma melhor qualidade de vida. Após anos e anos sofrendo com a constipação, ele  desenvolveu uma colite crônica, tinha dores absurdas, e teve que passar por um procedimento de emergência quando o seu intestino começou a se retorcer por causa da colite.
O Rei morreu em 16 de agosto de 1977, literalmente, no trono.  E, apesar da causa da morte ter sido uma parada cardíaca, a autópsia também revelou que o seu cólon tinha o dobro do diâmetro e o dobro do comprimento de um cólon normal.
O artigo fala das drogas que o Elvis tomava para dor e de medidas extremas que ele tomou para evitar acidentes em palco, decorrentes da colite crônica, que acabaram potencializando ainda mais os sintomas da doença. É uma história muito triste, que mostra como o peso de ser Elvis, e o peso de manter a a imagem "Elvis Presley", no final, acabou lhe custando a vida.
Uma colostomia poderia ter dado a Elvis muitos anos de vida, e mais importante ainda - uma vida com qualidade e muito menos dor. Mas ele era o Elvis Presley, o Rei. E o Rei não podia ter uma colostomia.
Para quem quiser ler o artigo completo clique aqui.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Clostridum Difficile - A nossa experiência

Eu já havia lido algumas discussões de mães falando sobre colites associadas ao uso de antibióticos.
Não entendia bem os detalhes do que causava a colite e nem como identificá-la mas sempre morri de medo do João ter que tomar antibiótico.
Dos 3 meses que o João frequentou a escolinha, ele teve apenas 1 semana que passou sem tossir, sem nariz escorrendo ou sem febre.
Foi uma gripe atrás da outra. E acabou com a gente num Pronto Socorro, após 5 dias seguidos de febre sem nenhuma causa aparente a não ser o nariz entupido. Diagnóstico: sinusite. Tratamento: Amoxicilina.
Foram 10 dias de antibiótico. Dei a última dose na madrugada da segunda para a terça-feira, e na quarta-feira de manhã o João já começou com algo que parecia um desarranjo intestinal, pois estava evacuando mais vezes do que o normal, porém sem diarreia. Mas era claro que algo estava errado.
Por volta do meio-dia ele já tinha evacuado umas 6 vezes e foi quando vi que ele estava com cólica. O João nunca teve cólica, pelo menos não desta maneira, primeiro ele se contorcia de dor, e depois eu via que a barriguinha fazia uma barulho bem alto, muitas vezes seguido de uma evacuação.
Neste dia ainda consegui que ele almoçasse, mas foi a última refeição completa que comeu por muitos dias que seguiram.
No final da tarde ele já tinha claramente desenvolvido uma diarreia e estava inapetente. Teve febre na hora do almoço e um pouco no final da tarde. Nesse momento eu já estava falando com a pediatra sobre a possibilidade de ter sido algo causado pelo antibiótico. Mas ainda era cedo para sabermos e ele não tinha vomitado, poderia ser uma virose.
Às 23hr começaram os episódios de vômito e eles eram o sinal de alerta que faltava para irmos para o PS.
No PS o João tomou soro e colheu exames. Tudo indicava que era uma virose. Depois de tomar o soro ele pareceu melhorar e tomou suco e quis algumas bolachinhas. Fomos liberados para o que seria um dia longo e de muita apreensão.
Perdi a conta de quantas fraldas troquei neste dia, e de quantas vezes ofereci algo para o ele comer e beber, sem nenhum resultado.
No meio do dia eu já estava dando líquido à força, com seringa. Tentei dar Pedyalite, Coca-cola, água….
Ele foi piorando ao longo do dia, mas sem mais vômitos, pois estava tomando medicação para isso.
Ele foi ficando cada vez mais fraco, e a diarreia não parecia estar nem perto de ceder. Por volta das 5 da manhã de sexta-feira estávamos a caminho do PS de novo.
O João deu entrada no PS com a glicose em 38 (acho que o normal é 90). E quando nos disseram que muito provavelmente ele teria que ser internado, eu senti um grande alívio, pois sabia que em casa, sem ter como fazer os controles necessários para evitar uma desidratação iria ser muito pior.
No segundo dia, junto com o resultado da coprocultura veio a confirmação de infecção por Clostridium Difficile.
Este segundo dia também foi um dos piores, pois o João sentia muita dor. Sua barriga dilatou e ele parou de urinar, de tanta dor que sentia.
Tivemos que passar uma sonda para ele urinar os 230 ml que estavam presos na sua bexiga. Não bastasse a dor da cólica ainda tinha a dor da urina que ele não conseguia eliminar. Neste mesmo dia ele começou a tomar o antibiótico para o tratamento da infecção por C. Diff.
Porém, antibióticos demoram por volta de 72 horas para começar a fazer efeito. Então somente no quarto dia de internação que ele teve uma melhora.
Ele teve muita retenção de líquido, e inchou quase 2 kg. Isso porque proteínas estavam muito baixas e quando a albumina fica muito baixa a eliminação de líquidos fica comprometida. Mas isso foi resolvido com albumina intra-venosa
Foram 7 dias de internação, 96 fraldas, um começo de assadura que foi cortado pela raiz com o uso de ilex, e incontáveis as vezes que o João me falou que sua barriguinha estava doendo.
O que aprendemos? Que teremos que ser ainda mais cuidadosos com o João. Que ainda não é o melhor momento para ir para a escolinha e que a decisão de dar antibiótico deve ser tomada apenas depois da certeza de que existe uma bactéria como agente causador do que precisa ser tratado.
Também aprendemos que a velha combinação: bolsa de água quente e deitar de bruços faz milagres nessas horas. E que por mais que os pequenos resistam a isso, vale insistir pois uma hora eles vão entender que é para o bem deles.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Clostridium Difficile

Antes de contar sobre a minha experência com o Clostridium Difficile, vou tentar explicar um pouco sobre o que é esta bactéria e o que ela pode causar.

Clostridium Dificille (C. Diff) é uma bactéria que pode estar presente na flora intestinal de adultos e crianças, sem necessariamente causar algum mal. O C.Diff. também pode ser transmitido via fecal-oral, através de equipamentos médicos contaminados, ou mesmo de pessoa para pessoa. Os esporos persistem no ambiente por períodos prolongados e resistem ao uso de desinfetantes comerciais, favorecendo a propagação.

A principal causa da infecção por C. Diff. é o uso de antibióticos, que pode causar um desequilíbrio na flora intestinal, pois alguns antibióticos podem atacar também as bactérias boas, e consequentemente a multiplicação de outras bactérias, como por exemplo a C. Diff.

Algumas pessoas apresentam sintomas ainda quando estão fazendo o tratamento com antibiótico, sendo que outras podem apresentar sintomas até 2 meses depois do tratamento. A multiplicação do C. Diff. resulta num intenso processo inflamatório no revestimento do intestino (colite) que pode causar febre, diarréia, cólicas e até a morte, caso não seja tratada corretamente.

As complicações incluem hipoalbuminemia, desidratação e desnutrição. Em casos mais graves pode haver diminuição da diarreia pela atonia e afilamento da mucosa intestinal (caracterizado pelo megacólon tóxico) podendo então causar uma perfuração intestinal.

O diagnóstico da infecção por C. Diff. é feito através de análises laboratoriais de uma amostra das fezes da pessoa infectada. Se houver infecção da bactéria, as análises mostrarão que existem toxinas da bactéria na amostra fecal.

 O tratamento para os casos mais brandos pode ser feito através da suspensão do antibiótico e os casos mais graves devem ser tratados com antibióticos. Os dois principais antibióticos utilizados são o metronidazol e a vancomicina.

A recidiva da infecção por C. Diff ocorre em até 25% dos pacientes, mais comumente na primeira ou na segunda semana após o término do tratamento.

Fontes:

Recentes mudanças da infecção por Clostridium difficile