terça-feira, 12 de junho de 2012

UTI Neonatal

Quando eu penso na UTI na qual meu filho passou os primeiros 25 dias da sua vida eu não sinto nada ruim. Pelo contrário, durante 25 dias, lá era o único lugar em que eu me sentia bem e feliz.
Mas não é tudo assim lindo e fácil... acho que o choque inicial deve ser igual para todas as mães.
Assim como eu não estava preparada para ver meu filhinho ser levado para fazer exames no seu primeiro dia de vida, eu também não estava preparada para entrar sozinha numa UTI Neonatal.
Ninguém está lá para te paparicar ou amparar, como acontece na maternidade. Todos que estão lá trabalhando estão focados nos bebês (nada mais certo!). Por isso quando você entra, logo te explicam as regras e o que você pode ou não pode fazer.
Lembro exatamente onde o João estava quando eu entrei, a enfermeira me levou até ele, reafirmou que os exames estavam sendo feitos e me deixou lá ao lado dele.
Segurei a mãozinha dele e fiquei sussurrando a última musica que escutei antes dele nascer (Back Down South). Eu nem ousava olhar para os lados.
A UTI Neonatal é assustadora porque é muito difícil enfrentar a realidade de que aqueles bebezinhos indefesos estão lá porque precisam ser operados (ou porque já foram operados), porque correm risco de vida, porque ainda são muito pequenos, etc... Mas depois de um tempo você começa a ver esses bebezinhos indo embora e começa a entender como aquela UTI foi importante para eles, como cada um que trabalha lá da o melhor de si para que o seu bebê, e os outros que lá estão fiquem bem.
Mas naquele momento não era isso que eu enxergava. Eu enxergava apenas que eu estava numa UTI, junto com o meu bebê de um dia, pois não sabíamos o que estava acontecendo com ele.
Acho que no fundo eu já tinha um pressentimento de que tudo aquilo era apenas o começo.
E por isso entrei em em pânico. Saí chorando, desesperada e perdida.
Minha família, no intuito de me proteger, não me deixou mais voltar para a UTI neste dia. E isso até hoje me dá um nó na garganta, um aperto no coração, pois sinto que fui fraca. Que deveria ter ficado lá do lado do meu bebê.
Com o tempo, me perdoei por isso,  mas se pudesse voltar atrás, com certeza faria diferente.

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